O que se sabe, agora, segundo a reportagem, é que, além da gravidade do vazamento, as quatro linhas do “depoimento” – na verdade, um “adendo” de uma delação que ainda não existia – foram fabricadas somente para viabilizar a reportagem da Veja. A prova está em vídeo.
O próprio Moro comandou a audiência preliminar, quando o caso estava com o Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-juiz dirigiu o trabalho que deveria ser da polícia e do MPF.
Com o objetivo de assegurar o adendo de Youssef, fez-se a promessa: se Teori Zavascki não homologasse a delação, ele, Moro, concederia os benefícios nos autos – como já fizera outras vezes em negociações similares. Teori homologaria a delação em dezembro.
A produção desse momento da Lava Jato, ainda segundo o Conjur, foi protagonizada pelo delegado da PF, Márcio Anselmo, e pelos procuradores Diogo Castor de Mattos e Roberto Pozzobom, sob a direção de Moro e Rodrigo Janot.
Doente, Youssef só foi hospitalizado após concordar em depor contra o PT
O doleiro Youssef estava preso havia mais de sete meses e sofria problemas de saúde, o que o levou a ser hospitalizado. Porém, detalhe, somente após concordar com o depoimento contra o PT. A própria Veja reproduziu o “adendo”.
“Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
– O Planalto sabia de tudo!
– Mas quem no Planalto? …
– Lula e Dilma, respondeu o doleiro”.
A fabricação do depoimento irritou os advogados. Moro não tinha alçada sobre a delação de Youssef. Mesmo assim, articulou o depoimento, em contato com os advogados, com a polícia e com o MPF. Foi por pressão do então juiz que o doleiro teve de depor.
Lava Jato usou gerente da Petrobras para perseguir governos do PT
A reportagem mencionou Pedro Barusco, gerente da Petrobras. Ele declarou que recebia propinas desde a década de 1990. Porém, obedecendo os procuradores, lançou nas planilhas as propinas somente a partir de 2003.
A orientação que recebeu foi no sentido de que a Lava Jato não cobria os períodos anteriores. Ou seja, o objeto do processo eram os governos do PT.
Youssef nunca admitiu a seus advogados saber qualquer coisa sobre o Palácio do Planalto. Além disso, jamais citou uma palavra que fosse a respeito de Dilma ou Lula.
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