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Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião em Moscou
Marcos Strecker
No início do segundo mês de guerra, a Rússia dá todos os sinais de que reconheceu a derrota na guerra que promoveu contra a Ucrânia. A retirada das forças que cercavam a capital Kiev é uma admissão do fiasco da campanha e mostra que Vladimir Putin jogou a toalha. Não vê mais a possibilidade de ocupar a capital ucraniana e colocar um governo fantoche no país vizinho, que era seu principal objetivo.
Foi antes de mais nada uma derrota militar. Os ucranianos mostraram resiliência e preparo bélico. Abastecidos por modernos drones e foguetes antitanque ocidentais, conseguiram frear as tropas inimigas de uma forma surpreendente. Impuseram perdas enormes a Putin. Calcula-se que de 7 a 15 mil soldados russos tenham perdido a vida na aventura militar até agora, na maior taxa diária de mortes desde que enfrentaram os nazistas nos anos 1940. Analistas se surpreenderam com tanques que eram sucata, recrutas despreparados e falta de planejamento básico.
A modernização das Forças Armadas russas na era Putin produziu apenas uma força nuclear de dissuasão hipertrofiada e inútil para a campanha atual. O russo já utilizou até 75% do seu Exército, e agora recorre às pressas a mercenários do grupo Wagner (de inspiração neonazista) deslocados da África e da Síria. As chances de sucesso são pequenas. A Ucrânia virou um pesadelo militar comparável à derrota no Afeganistão, que marcou o último suspiro bélico do império soviético nos anos 1980.
A dimensão desse fracasso é maior do que parece à primeira vista. Putin sonhava reeditar a cortina de ferro soviética e mostrava nostalgia até do antigo império czarista. Empregou a mesma tática militar consagrada por Stálin: usar a força bruta e terror, nem que fosse preciso dizimar populações inteiras e transformar as regiões anexadas em terra devastada. Não hesitaria em fazer com Kiev o que já praticou em Aleppo (Síria) e em Grozny (Chechênia). Para administrar o território anexado, contava com o sequestro de jornalistas e políticos locais e sua substituição por fantoches políticos administrados pelo Kremlin. A realidade se impôs ...
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