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A revolução não será televisionada: estudantes do Paraná se levantam contra aulas EAD do Novo Ensino Médio
Onda de indignação toma conta das escolas após governo Ratinho terceirizar cursos técnicos da rede estadual para a Unicesumar
Na manhã do dia 11 de março, estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto, de Cascavel, se recusaram a assistir às aulas dos cursos técnicos implantados na esteira do Novo Ensino Médio. Levaram seus cadernos e materiais de estudo para o refeitório e lá permaneceram.
A onda de indignação é uma resposta espontânea do alunado à política de terceirização do governo Ratinho Jr. e do secretário Renato Feder. Em três disciplinas do ensino profissionalizante, o Estado substituiu professores(as) da rede por aulas a distância ministradas pela Unicesumar, um dos maiores grupos educacionais privados do país.
No modelo, alunos(as) passam seis períodos – mais de cinco horas – apinhados em sala de aula assistindo a uma TV. Na tela, um(a) professor(a) da Unicesumar ministra aulas a dezenas de turmas ao mesmo tempo, sem interação direta com os(as) educandos(as).
A “mediação” é realizada por monitores(as) com formação de Ensino Médio e nenhuma capacitação pedagógica. Estes(as) trabalhadores(as) precarizados(as) recebem bolsa-auxílio de R$ 640 por mês para 20h.
Desde o início de fevereiro a APP-Sindicato denuncia a farsa televisionada, um sumidouro de dinheiro público que desrespeita professores(as) e a comunidade escolar, precariza a educação e só beneficia a Unicesumar, que arrematou R$ 38,4 milhões para prestar o desserviço.
No resto do estado, o modelo não foi revogado e ainda há 445 escolas reféns da gambiarra pedagógica. Mas o governo está acuado com a mobilização crescente em outras escolas e tenta agir para calar as manifestações, ameaçando educadores(as) e direções que apoiam os atos e censurando a participação de estudantes em audiências.
Coordenadores(as) da rede estadual que manifestam apoio aos protestos perdem a coordenação. Estudantes também relatam expulsão das salas da plataforma, em franco ataque ao direito à educação.
A criatividade dos(as) estudantes é estampada nos cartazes e palavras de ordem que se espalham pelas escolas do Paraná. Dizeres como “TV eu tenho em casa, queremos professor” e “Educação não é enganação”, contas no instagram para cada escola mobilizada, vídeos de tiktok e outras estratégias inspiram a luta e motivam novas escolas a aderir.
Dupla privatização
Em matéria publicada pela Agência Estadual de Notícias em janeiro, a Secretaria da Educação afirma que “a parceria se deve à dificuldade de encontrar profissionais habilitados para trabalhar os componentes específicos desses cursos técnicos”. Contudo, a mentira tem perna curta.
Desde 2019, professores(as) do colégio Antonio Francisco Lisboa, de Sarandi trabalharam para criar o curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas, que substituiu o curso de Informática na nova matriz do Ensino Médio. Três anos dedicados a estudar, formular e implementar o currículo, incluindo consultas a universidades e empresas locais.
Quando chegou a distribuição de aulas, os(as) educadores(as) descobriram que foram usados pelo Estado. O golpe é resumido por uma professora QPM de outra cidade, cuja mensagem reproduzimos abaixo omitindo informações a pedido da fonte.
A Unicesumar privatizou a tecnologia de ensino desenvolvida por quem está em plenas condições de ministrar as aulas e recebe salários para tanto. Pior: nada garante que a universidade não utilizará a ementa elaborada pelos educadores(as) do Estado para lucrar vendendo cursos próprios.
Trata-se de um duplo desvio; o Estado entrega à iniciativa privada não apenas recursos financeiros dos cofres públicos, mas também a produção intelectual de servidores(as).
A terceirização da mão de obra na educação já se mostrou negativa no Paraná, quando em 2021 o Governo demitiu 9.700 funcionários(as) de escola e contratou 13 empresas para “fornecer” trabalhadores(as).
O resultado foi que o número de funcionários(as) de escola diminuiu, prejudicando a qualidade do serviço oferecido, e o gasto do Governo aumentou em R$ 10 milhões por ano. O gasto total chegou a R$ 422,796 milhões em 2021; quase meio bilhão de reais.
A farra das terceirizações também tem gerado problemas crônicos, como calotes em trabalhadores(as) e funcionários(as) recebendo menos de um salário mínimo.
APP-Sindicato trabalha para reverter o processo de terceirização em ambas em frentes e saúda a mobilização das comunidades escolares.
Como dizem os(as) estudantes, quem não luta pelo que quer aceita o que vier!
Confira as escolas mobilizadas e fortaleça a luta seguindo as redes sociais criadas pelos(as) estudantes:
Barracão
Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas
@fora_unicesumar
Cascavel
CEEP Pedro Boaretto
@naoas_aulaseadunicesumar
Colégio Estadual Marechal Castelo Branco
Corbélia
Colégio Amâncio Moro
@naoaasaulasdaunicesumar
Coronel Vivida
Colégio Estadual Arnaldo Busato
@fora_unicesumar_ceab
Curitiba
Colégio Pedro Macedo
@foraunicesumar_
Colégio Avelino Antonio Vieira
@nao.queremos+aulasdaunicesumar
Dois Vizinhos
Colégio Estadual Leonardo Da Vinci
@naoas_aulaseadunicesumardv
Francisco Beltrão
Colégio Estadual Mário de Andrade
@naoas_aulaseadunicesumarfb
Guarapuava
Colégio Estadual Francisco Carneiro Martins
@1a_desenvolvimento_sistemas
Lapa
Colégio Agrícola
@naoasaulassincronasnoceepal
Laranjeiras do Sul
CEEP Naiana Babaresco de Souza
Londrina
Colégio Estadual Souza Naves
@nãoasaulasead_2022
Medianeira
Colégio Estadual João Manoel Mondrone
@fora.aulas.online
Palotina
Colégio Santo Agostinho
Pato Branco
Colégio Estadual Carlos Gomes
Ponta Grossa
Colégio Presidente Kennedy
@naoa.saulaseadcepk
Rio Negro
Colégio Estadual Barão de Antonina
@foraunicesumar_rio_negro
Verê
Colégio Estadual Arnaldo Busato
@fora_ead_2022
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