Em “Um paciente chamado Brasil”, Mandetta critica Bolsonaro
Pedro Ribeiro
Provável candidato à Presidência da República, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirma, em livro, que o presidente Jair Baolsonaro não deu atenção a dados da pandemia de covid-19. Disse ainda que um dos principais problemas que enfrentou quando ministro foi a postura negacionista do presidente.
Em entrevista ao Estadão, Mandetta afirou ainda que se o presidente liderasse a adoção de protocolos estabelecidos pela pasta para preparar o sistema público de Saúde e a população, o Brasil certamente não estaria entre os países com o maior número de vítimas da doença.
“Poderia ter sido diferente, para melhor”, disse Mandetta, que lança nesta sexta-feira, 25, o livro Um paciente chamado Brasil, no qual relata, em primeira pessoa, os últimos 87 dias de sua gestão na pasta. No período, passou a ser a principal voz na defesa do isolamento social como forma de atenuar efeitos da pandemia, ao contrário do que defendia o presidente. Com isso, ganhou popularidade, provocou ciúme de Bolsonaro e deixou o governo credenciado para as discussões sobre eleições de 2022 em seu partido, o DEM.
O livro, segundo ele, foi escrito na quarentena de seis meses imposta a ministros que deixam o governo, “para que as pessoas entendam que, por mais bem-intencionadas que sejam seus trabalhos, a política é necessária.” Ao analisar as decisões políticas, faz mea-culpa e critica a Organização Mundial de Saúde (OMS) por relutar em classificar a covid-19 como emergência sanitária mundial.
O foco principal das críticas, no entanto, é Bolsonaro, descrito como alguém em negação diante do agravamento da doença. “Primeiro ele negou a gravidade da covid-19, falando que era só uma ‘gripezinha’. Depois ficou com raiva do médico, ou seja, de mim. Depois partiu para o milagre, que é acreditar na cloroquina”, escreve.
Mandetta relata que contou isso a Maia, e o presidente da Câmara recuou de tirar Onyx da relatoria. Dias antes, Onyx havia sido flagrado em gravação articulando a saída de Mandetta do ministério. Procurado, Onyx não respondeu. (Estadão).
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