REPRESSÃO
Estudantes pró-Palestina nos EUA são reprimidos na Universidade de Columbia
Direção do campus convocou polícia contra alunos após ocupação do Hamilton Hall; mais de 280 foram presos
A madrugada desta quarta-feira (01/05) foi marcada pela repressão policial contra os estudantes da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que protestam contra o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza e o financiamento dos Estados Unidos no conflito, resultando em mais de 280 alunos presos.
“Para ser claro: a Universidade de Columbia chamou a polícia contra seus próprios alunos pela segunda vez em duas semanas, no 56° aniversário do episódio em que chamaram a polícia para o campus a fim de prender mais de 700 manifestantes contra a Guerra do Vietnã e a gentrificação do Harlem, em 30 de abril de 1968”, informou o coletivo responsável pelo acampamento de resistência na universidade, o Estudantes de Columbia pela Justiça na Palestina.
Segundo o jornal The New York Times, pelo menos 108 estudantes foram presos após a reitoria da Columbia, liderada pela presidente Minouche Shafik, convocar o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD, por sua sigla em inglês), alegando que “não tinha outra escolha”, referindo-se à ocupação de um dos edifícios do campus, o Hamilton Hall, nesta terça-feira (30/04).
Com ferramentas para arrombar as portas do prédio – que havia sido renomeado pelos manifestantes por “Hid’s Hall”, em homenagem à Hind Rajab, uma menina de seis anos que esteve desaparecida por duas semanas, até ser encontrada morta em Gaza, vítima dos bombardeios israelenses –, a NYPD invadiu o local com armas empunhadas contra os alunos, levando dezenas deles à força.
Além das detenções, no campus, a polícia utilizou gás lacrimogêneo, tasers, agrediu alguns alunos no chão e empurrou outros que faziam uma corrente humana nas escadas do Hid’s Hall em resistência à invasão dos oficiais, de forma que um deles caiu degraus abaixo e precisou de atendimento médico, negado pelos oficiais.
A polícia também deixou mesas e cadeiras amontoadas em frente à escada do prédio. Ao longo da noite, a Columbia emitiu alertas de emergência notificando que mesmo observadores na região “poderiam resultar em ação disciplinar”.
Além da repressão aos alunos, repórteres norte-americanos também denunciaram que a NYPD bloqueou diversas ruas e quarteirões nos arredores da Columbia, impedindo que representantes da imprensa acessassem o local para a cobertura jornalística da repressão, inclusive da rádio dos alunos de jornalismo da universidade, a WKCR.
A WCKR conseguiu cobrir grande parte dos eventos da madrugada, mas devido ao elevado número de acessos, passou a enfrentar problemas de conexão e transmissão.
Nas redes sociais, os alunos de Columbia relataram a opressão promovida pela NYPD. Por volta das 8h locais (9h no horário de Brasília), a estudante Maryam escreveu: “acabei de sair da prisão novamente após ser presa há 12 horas. Desta vez por protestar do lado de fora dos portões do meu próprio campus. Fui jogada no chão e presa por 6 a 7 policiais depois de ter meu telefone arrancado da minha mão porque o policial ficou bravo devido minha transmissão ao vivo”.
A aluna também relatou que a polícia de Nova Iorque removeu à força hijabs de diversas estudantes muçulmanas detidas nos protestos. “Gritamos ‘deixe-a usar o hijab’ repetidamente de dentro de nossas celas e um oficial disse a uma das alunas para calar a boca quando ela pediu a devolução de seu hijab. Columbia soltou esses porcos contra nós”, finalizou.
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