sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

A FONTE DA INFORMAÇÃO REVISTA ISTOÉ :

O carnaval das imoralidades de Bolsonaro

Com ofensas morais e sexuais, o presidente Jair Bolsonaro atacou e assediou a jornalista Patrícia Campos Mello. Ele reincidiu em atos contra a legislação 1.079, que em seu artigo nono protege a probidade da administração.

Crédito: Marcos corrêa/pr

O nome dessa lei é uma sentença definitiva para Bolsonaro: “Lei do Impeachment”. Está nas mãos do Congresso Nacional, portanto, mostrar que o Brasil não é uma republiqueta de bananas – nem de banana fruta, conforme querem aqueles que desprezam o nosso País, nem de banana obscena dada com os braços como o presidente vem fazendo e ofendendo os repórteres em entrevistas coletivas. Está, sim, nas mãos do Congresso Nacional a obrigação de abrir imediatamente um processo de impeachment contra o mandatário, o que na verdade passou a ser dever dos parlamentares, investidos de mandato popular para tutelarem a constitucionalidade e o decoro daqueles que representam os poderes republicanos – só é preciso que uma denúncia seja regimentalmente recebida pela Câmara dos Deputados para o processo começar a andar. É o mau-caratismo institucionalizado. Um absurdo tão grande que estou perplexo. Ele autoriza a política do bullying que os seus seguidores buscam estabelecer nas redes sociais”, diz o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. “O comentário chulo, que ofende profundamente a dignidade humana, se enquadra como crime de responsabilidade”, diz o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Dê-se voz, também, ao conceituado doutor e mestre em direito Luiz Fernando Prudente do Amaral, um dos mais respeitados especialistas do Brasil na área do direito público: “O exercício da Presidência da República é incompatível com o uso frequente de gestos, palavras e expressões ofensivas, inclusive à imprensa, e contrárias à dignidade do cargo. Essa conduta, especialmente quando reiterada, pode dar início ao processo de impeachment”.
Bolsonaro pensa com a língua e não com a cabeça, ou seja, não pensa: só dispara os seus preconceitos. Não é sem motivo, então, que a sua ofensa tenha sido tão pesada e, consequentemente, tenha gerado tanta reação no Congresso e na sociedade. Poucas horas após o ato, um grupo de vinte e três deputadas redigiu uma nota para ser lida pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. “Todo repúdio a essa atitude repugnante”, afirmou a parlamentar Natália Bonavides. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou desconhecer que alguém “tenha feito uma agressão tão grande a uma mulher como o fez Bolsonaro”. A deputada Tábata Amaral julgou a fala do presidente “inconcebível” e lamentou que o direito das mulheres de não serem “sexualizadas e assediadas” tenha de ser diuturnamente lembrado. E ela tem razão, tal direito é esquecido mesmo, e gravíssimo é tomarmos conhecimento de que o presidente da Nação é o primeiro a esquecê-lo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário