sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

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Os R$ 15 milhões de leite condensado derramado e outros chicletes federais

O governo é negligente na compra de vacinas e cilindros de oxigênio, mas gasta R$ 1,8 bilhão para adquirir itens supérfluos e “junkfood” para funcionários da administração e membros das Forças Armadas. Além do leite condensado, a gula federal inclui compras de R$ 2,2 milhões em chicletes, R$ 2,5 milhões em vinhos e R$ 32,7 milhões em pizzas e refrigerantes

Crédito: Divulgação

Um governo que gasta R$ 15,6 milhões para comprar toneladas de leite condensado realmente tem um problema grave de falta de sensibilidade e propósito, além de algum distúrbio alimentar. A iniciativa afronta uma população que mal tem o que comer e não tem dinheiro nem para o pão. Enquanto demora para adquirir vacinas, cilindros de oxigênio e outros itens de primeira necessidade durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro demonstra agilidade para gastar milhões em vinhos finos, alfafa, uvas passas e pizzas. Há uma sensação de que as prioridades estão invertidas e as coisas, realmente fora do lugar. A lista de compras do governo mostrou que, em 2020, a administração federal gastou R$ 1,8 bilhão para adquirir comida, 15% mais do que no ano anterior, descontada a inflação. O governo se move por uma vontade hedonista e gulosa e não tem uma política pública nem critérios éticos para se abastecer de alimentos. A maior parte das despesas ficou na conta das Forças Armadas, que consumiram R$ 632 milhões em gêneros alimentícios. O Ministério da Educação e da Justiça aparecem na sequência como maiores comilões. Com 2,5 milhões de latas de leite condensado adquiridas, se for considerado um preço médio por unidade de R$ 6,00, o Exército brasileiro se credencia, hoje, como um dos maiores consumidores do produto no planeta. Tem um estoque para uma guerra prolongada e, inclusive, para comer pudim no fim do mundo.

Pedidos de investigação

O volume das compras governamentais e a aquisição de grandes quantidades de itens supérfluos e de “junkfood” causaram indignação na sociedade e tiveram efeitos políticos imediatos. O PDT entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar os gastos com alimentação, chamados de “exorbitantes”. No pedido de abertura de ação, considera-se que “o montante de dinheiro público gasto nas aludidas compras não guarda sintonia com a natureza, nem tampouco com a quantidade de pessoas que porventura consumirão os produtos, o que indica a ocorrência de prática criminosa”. Para os membros do PDT, o presidente estaria cometendo crime de peculato e prevaricação. Já deputados do PSOL protocolaram um pedido, terça-feira 26, para que a Procuradoria Geral da República (PGR) investigue as compras de alimentos e bebidas pelo governo em 2020. O pedido foi feito pelo deputado David Miranda (RJ) e assinado pelas deputadas Sâmia Bomfim (SP), Fernanda Melchionna (RS) e Vivi Reis (PA). Eles consideram o gasto do governo “descomunal e incompatível com o momento de crise sanitária atravessado pelo País”.


GULOSO Conhecido apreciador de pão com leite condensado, Bolsonaro mostra que não tem política pública nem para a compra de alimentos pelo governo: falta de critérios éticos e de governança (Crédito:Divulgação)


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