FILHO DO PRESIDENTE DO PSDB DO PARANÁ TEM CARREIRA METEÓRICA COMO “REI DO LIXO”
Ademar Traiano Júnior tem contratos milionários em dez cidades e, agora, disputa – com suspeitas
de favorecimento – um negócio de R$ 51 milhões
na quarta
maior cidade do estado.
Os tucanos estão no poder no governo do Estado e na prefeitura de Ponta Grossa, onde Traiano Júnior tem negócios. Uma das empresas, a MTX Ambiental, é dona de 23 contratos em dez municípios do estado, que somam R$ 4,8 milhões. Os dados foram pesquisados por The Intercept Brasil no site do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Em maio, o tribunal multou a prefeitura de Arapoti por favorecer a MTX numa concorrência emergencial que ela venceu. Não houve nenhuma sanção, porém, à firma do filho do deputado.
Para o Ministério Público do Paraná, outra empresa de Traiano Júnior, a Ambiental Campos Gerais Gerenciamento de Resíduos Sólidos, aberta em 2016, pode estar sendo favorecida em uma concorrência que irá escolher um novo aterro sanitário em Ponta Grossa, quarta cidade mais populosa do estado, com 344 mil habitantes, num negócio de R$ 51 milhões. No último dia 19, o promotor de Justiça Honorino Tremea abriu inquérito para apurar se a licitação está sendo direcionada para a vitória da Ambiental Campos Gerais.
“Não há elementos que indiquem a empresa [de que Traiano Júnior é sócio] será a vencedora do procedimento licitatório que ainda ocorrerá (A NÃO SER QUE TAL PROCESSO LICITATÓRIO SEJA ILEGALMENTE DIRECIONADO PARA BENEFICIAR UMA EMPRESA)”,
anotou, no despacho em que determinou o inquérito, o promotor Tremea, antes de questionar por que um órgão do governo do estado correu para conceder uma licença – que pode ser decisiva – à Ambiental Campos Gerais. O destaque em letras maiúsculas é do próprio promotor.
É uma trajetória notável para alguém que só entrou no negócio do lixo em 2010.
É uma trajetória notável para alguém que só entrou no negócio do lixo em 2010, mesmo ano em que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obrigou os municípios a extinguir os lixões e dar outra destinação aos resíduos foi aprovada. Antes disso, entre 2000 e 2006, vivia sob as asas do pai (deputado estadual desde 1990) como ocupante de cargo em comissão na Assembleia Legislativa. Traiano Júnior tinha 19 anos quando começou a receber salários do parlamento e 25 quando deixou o cargo.
Durante 22 meses, entre 2002 e 2003, seus contracheques superaram o teto constitucional. Por conta disso, o pai, em julho passado, aceitou fechar um termo de ajustamento de conduta com o MP para devolver aos cofres públicos o dinheiro que o filho recebeu acima do teto – exatos R$ 356 mil, em valores atualizados. Os pagamentos começaram em janeiro passado. Serão 36 parcelas mensais de R$ 9,9 mil.
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