Protegido de Moro, doleiro Alberto Youssef pagou jatinho para Álvaro Dias
Principal articulador da campanha de Sergio Moro, Alvaro Dias recebeu doações do doleiro Alberto Youssef, "amigo" de longa data do ex-juiz, durante a campanha em 1998
Principal cicerone de Sergio Moro no Podemos, o senador Álvaro Dias (PSDB) recebeu doações do doleiro Alberto Youssef, protegido do juiz na Lava Jato, durante a campanha ao parlamento em 1998.
A ligação de Álvaro Dias e Youssef, que foi um dos primeiros delatores da Lava Jato e tem uma longa relação com Sergio Moro, foi divulgada com ares de escândalo por Jair Bolsonaro (PL) no último dia 12.
No entanto, a história envolvendo Youssef é antiga e faz parte de um intrincado enredo nos bastidores da Lava Jato.
O doleiro foi um dos primeiros delatores da Lava Jato, em 2014, e teve seu acordo homologado por Sérgio Moro. Uma década antes, o juiz também homologou o acordo de delação de Youssef por sua colaboração com as investigações do escândalo do Banestado (o escândalo do Banestado envolveu remessas ilegais de divisas, pelo sistema financeiro público brasileiro, para o exterior, na segunda metade da década de 1990).
Lula disse que Youssef é “amigo de Moro”
Em depoimento à juíza Gabriela Hardt em novembro de 2018 passado, o ex-presidente Lula despertou a ira da magistrada ao se referir a Youssef como “amigo” de Moro. “Eu não sei por que cargas d’água, no caso Petrobras, houve essa questão de jogar suspeita sobre indicações de pessoas. É triste, mas é assim. Possivelmente, por conta de que o delator principal é o (Alberto) Youssef, que era amigo do Moro desde o caso do Banestado (Banco do Estado do Paraná). É isso, lamentavelmente é isso”, disse Lula, na ocasião.
Em 2019, já Ministro da Justiça de Bolsonaro, Moro anulou a punição administrativa imposta ao delegado Maurício Grillo Moscardi, da Lava Jato em Curitiba, que foi condenado pela Corregedoria Geral da Polícia Federal a oito dias de suspensão por ter direcionado a condução de um inquérito interno com o objetivo de abafar o caso sobre o uso de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef dentro da Superintendência da PF em Curitiba.
A confirmação do grampo sem autorização judicial logo no início da Operação Lava Jato, em março de 2014, poderia contaminar todas as investigações que se seguiram, motivo da tentativa de abafar o caso.
Segundo o blog de Marcelo Auler, Sergio Moro influenciou diretamente na primeira sindicância sobre o caso, conduzida por Moscardi, em que “procuradores (da Lava Jato) atipicamente requereram o arquivamento do Inquérito Policial, antes mesmo da realização de diligências básicas e da confecção do relatório final”.
Em depoimento, o próprio Maurício Moscardi diz que o então juiz Sérgio Moro teve acesso a uma sindicância antes dela ser concluída. “O que eu fiz foi, após terminar a sindicância, eu peguei o relatório e encaminhei para a corregedora por e-mail, falando que tinha uma ressalva do doutor Moro, que antes de qualquer coisa que fosse encaminhado para ele dar uma olhada e para o controle externo do Ministério Público Federal”.
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