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sábado, 30 de maio de 2020

A FONTE DA INFORMAÇÃO REVISTA ISTOÉ :

Poderes em guerra

O Brasil está na iminência de um cataclismo político. A guerra entre os poderes da República intensificou-se nos últimos dias e ganhou contornos dramáticos. Aumentou o risco de uma ruptura institucional com consequências imprevisíveis. Está em andamento uma disputa sem tréguas entre o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF) para ver quem impõe sua lei e não há o mínimo sinal de conciliação. Diante das vontades ditatoriais do presidente Jair Bolsonaro de controlar a Polícia Federal para proteger os filhos e a si mesmo e de estimular fake news e campanhas difamatórias contra desafetos, há uma reação vigorosa do Judiciário, que tenta conter a ameaça despótica e manter a ordem. Mas o filho 03 do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), já declarou, em tom definitivo, que a ruptura democrática, cedo ou tarde, vai acontecer. “Não é mais uma opinião de se, mas de quando”, anunciou em live no canal Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos.

Alckmin e Bolsonaro se atacam em vídeos - 03/09/2018 - Poder - FolhaVídeo de Alckmin mostra Bolsonaro xingando mulheres | HuffPost Brasil

O que tocou fundo na família presidencial e nas hostes bolsonaristas, que começam a sugerir um autogolpe de Estado, foi a deflagração de uma operação da Polícia Federal, na quarta-feira 27, ordenada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news, que, desde março de 2019, investiga ataques orquestrados contra membros do tribunal. A iniciativa de Moraes motivou 29 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal e atingiu 18 aliados do presidente, empresários e políticos, entre eles o próprio Allan dos Santos, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, o deputado Douglas Garcia (PSL) e a ativista de direita Sara Winter, que ameaçou o ministro de agressão. “O senhor me aguarde, Alexandre de Moraes, o senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor. A gente vai infernizar sua vida”, afirmou. Moraes já pediu à Procuradoria Geral da República (PGR) que tome providências sobre as ameaças de Sara.
DEFESA O ministro Luiz Fux defende o STF contra as agressões do Executivo: “notório desprezo pela democracia” (Crédito:Divulgação)
A reação de Bolsonaro ao saber da deflagração das operação contra seus apoiadores foi descrita como “colérica”. Para o presidente, Moraes agiu com o objetivo de atingir o seu governo e o filho 02, o vereador Carlos (Republicanos-RJ). Tanto Carlos quanto Eduardo têm seus nomes atrelados à investigação das fake news. Bolsonaro também tratou a decisão de Moraes como um ataque à democracia. “Ver cidadãos de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”, afirmou pelas redes sociais. Embora o presidente reivindique a liberdade de expressão, o inquérito que motivou a operação não tem nada a ver com isso, mas com ameaças pela internet e distribuição de notícias falsas. Além disso, Bolsonaro quer fazer crer que a democracia claudica, para “salvá-la”.
ENCONTRO Bolsonaro participou de cerimônia de posse na PGR: tentativa de se safar de investigação sobre interferência na PF (Crédito: Marcos Corrêa/PR)


Apesar da reação raivosa do presidente e de seus aliados, Alexandre de Moraes, considerou, no inquérito das fake news, que “as provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”. Além de Luciano Hang, outros empresários suspeitos de financiar a máquina bolsonarista de fake news e atingidos pelo inquérito são Edgard Corona, dono da rede de academias Bio Ritmo, o militar Winston Rodrigues Lima e o humorista Reynaldo Bianchi Júnior. Os quatro foram identificados em relatórios de investigação “como financiadores de publicações e vídeos com conteúdo difamante e ofensivo ao STF, bem como mensagens defendendo a subversão da ordem e incentivando a quebra da normalidade institucional e democrática”. Os empresários arrolados no inquérito fazem parte do grupo Brasil 200, que “impulsiona vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas”. Oito deputados bolsonaristas foram alvos da operação da PF. “Repito, não teremos outro dia igual ontem”, disse Bolsonaro. “Chega! Chegamos no limite. Estou com as armas da democracia na mão”.



Investigação das fake news revelou a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, a autoridades e a instituições, com flagrante conteúdo de ódio

Ódio - Citada em inquérito, a ativista Sara Winter ameaça ministro do STF Alexandre de Moraes

Luciano Hang – Wikipédia, a enciclopédia livre

O EMPRESÁRIO LUCIANO HANG É ACUSADO DE FINANCIAR CONTEÚDO OFENSIVO CONTRA OS JUÍZES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SEGUNDO INVESTIGAÇÕES DO S.T.F.
Subversão - O empresário Luciano Hang é acusado de financiar publicações com conteúdo ofensivo aos juízes do tribunal

Fake News - O blogueiro Allan dos Santos é conduzido em operação da PF que investiga divulgação de notícias falsas

O BLOGUEIRO ALAN DOS SANTOS É CONDUZIDO EM OPERAÇÃO QUE INVESTIGA NOTÍCIAS FALSAS.

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