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sábado, 2 de maio de 2020

A FONTE DA INFORMAÇÃO REVISTA ISTOÉ :

Liderança e caos. E daí?


Crédito: Divulgação



E daí que o sujeito que eu queria na direção da Polícia Federal é amigo do meu filho? Posso interferir, sim, na PF. Quero interferir sim. Pedi, quase supliquei relatos diários da polícia e o Moro não deixou. Quero uma pessoa do meu contato pessoal, com a qual possa colher informações, relatórios de inteligência. A lei não deixa, e daí? Jair Bolsonaro, que sempre fez pouco caso da jurisprudência constitucional brasileira e que banaliza a prática de crimes de responsabilidade como quem vai até a esquina comprar pão, confunde gestão pública com negócio de família. Pensa que a polícia judiciária é uma espécie de guarda presidencial que lhe deve prestar vassalagem. Não apenas interferiu — e nem precisa buscar mais provas disso — como também se orgulha de dizer de própria voz que o fez. Em um pronunciamento estrábico, desconectado da lógica e da realidade, admitiu dias atrás não ver nada de errado em seus pedidos à PF. Usou efetivamente os serviços da corporação como uma espécie de milícia particular, mandando apurar assunto, sem a menor relevância, da família da namorada do filho 04 — aquele que saiu com meio condomínio. Não entende — ou nem quer saber — da autonomia legal da instituição. Vieram provas de que pediu a cabeça do titular do órgão porque ele estava na cola de deputados bolsonaristas — para o mandatário, uma petulância do profissional que deu assim mais um motivo para sair —, e ele recorreu de novo ao questionamento, como contraponto à insinuação de tentativa de meter a cunha indevidamente: é interferência política sim, e daí? Disse diretamente a Moro. Bolsonaro, que adora um confronto e exibições de valentia tresloucada, parece encantado com o vocábulo provocativo “e daí?”, e o repete a torto e à direita, como sacada para momentos distintos. Aqui no Brasil é o capitão caudilho no comando. Não gostou. E daí? Vai peitar? Cuidado. O bravateiro de um milhão de mentiras é capaz de tudo. Até de falsidade ideológica, como acabou praticando ao usar, calculadamente, e sem autorização, a assinatura eletrônica do ex-ministro Moro no comunicado do Diário Oficial que tratava do desligamento do subordinado da PF. Prática fraudulenta? E daí?

Carlos José Marques

CARLOS JOSÉ MARQUES COLUNISTA DA REVISTA ISTOÉ A VERDADEIRA INFORMAÇÃO COMO ELE É.

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