O DELEGADO ALEXANDRE RAMAGEM ainda nem assumiu o comando da Polícia Federal, como pretende Jair Bolsonaro, e já enfrenta resistência devido à intimidade que cultivou com a família presidencial. Mas essa proximidade não é a única nuvem sobre a indicação. A força-tarefa da Lava Jato desconfia do policial, atual diretor da Abin, há quase cinco anos.
Para os procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba, Ramagem era um nome ligado ao PT que estaria buscando “melar” a operação. Além disso, se preocupavam com a amizade que o nome de Bolsonaro para a Polícia Federal mantinha com um procurador preso e denunciado pela venda de informações de investigação ao grupo JBS.
Essas duas suspeitas foram compartilhadas por Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Paraná, em conversas no aplicativo Telegram que foram entregues ao Intercept.
A desconfiança surgiu em 2015, quando Deltan Dallagnol dividiu uma preocupação com os colegas do MPF sobre um delegado oculto até aquele momento.
Deltan Dallagnol – 00:52:00 – Info de inteligência: Fanton tem grande amigo, carioca, na direção geral, o qual é mto ligado ao PT, e esperaria favor político futuro em troca de infos para melar o caso, segundo algumas fontes dizem
Luciano Flores – 07:35:00 – Hummm valeu, Deltan! Vamos ver se procede essa história do Fanton…
Marcio Anselmo – 09:22:41 – [Mensagem não encontrada]
Anselmo – 09:22:45 – Hein?
Carlos Fernando dos Santos Lima – 10:57:24 – Se tiverem o nome desse suposto delegado carioca, me avisem para eu poder passar para o pessoal nosso que está acompanhando as investigações.
Igor Romário de Paula – 11:01:22 – Pode deixar… Estou o do hoje para Brasília e vou tentar descobrir
Já naquela época a Lava Jato vivia em guerra com o delegado Mario Fanton, que havia acusado seus colegas paranaenses de manipulação de provas e que acabou denunciado por violação de sigilo funcional.
Horas depois, no mesmo dia, Dallagnol retornou ao grupo com a identificação do suspeito: Alexandre Ramagem.
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