Padre Robson é suspeito
de pagar servidores
públicos com dinheiro
da Afipe para que
destruíssem
arquivos
dos comprometedores
Informações têm relação com extorsão de R$ 2,9 bilhões para que
casos amorosos não fossem revelados, o que já foi considerado falso
pela Justiça, segundo a defesa do religioso. Padre é investigado pelo
desvio de R$ 120 milhões doados por fiéis, o que nega.
Por Danielle Oliveira, G1 GO
O padre Robson de Oliveira - suspeito de desviar R$ 120 milhões de doações de fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) - também é investigado por pagar servidores públicos com dinheiro da entidade para
se livrar de informações constrangedoras sobre ele, segundo relatado
pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) em processo
enviado à Justiça.
"Pelo que se infere dos autos, Robson
supostamente se utilizou dos recursos
financeiros dessas entidades religiosas
para o pagamento de servidores públicos
- agentes de polícia, para que destruíssem
alguns arquivos contendo informações
comprometedoras a seu respeito",
consta no documento.
Sobre isso, a defesa do sacerdote disse que “não houve pagamento
a nenhum servidor”. A defesa informou ainda que o padre Robson
foi vítima de extorsão de dinheiro e que os criminosos já foram
condenados e estão presos. “Todo o material da extorsão foi
considerado falso pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás”,
disse.
A Polícia Civil do Estado de Goiás disse ao G1 que a atual gestão
instaurou um procedimento na Corregedoria da Instituição para
"apurar eventual transgressão disciplinar de policiais civis".
A nota disse ainda que o procedimento é "sigiloso enquanto estiver em andamento, razão pela qual não serão prestadas maiores informações".
O documento não esclarece quais eram as "informações
comprometedoras" a respeito do padre, no entanto, a defesa do
religioso afirma que se refere ao caso da extorsão de R$ 2,9 milhões
feitas por um hacker, que, segundo a decisão da Justiça,
amorosos do sacerdote.
Vídeo registra pagamento de dinheiro a hacker feito por uma pessoa de confiança do padre. Processo originou ação que apura desvio de dinheiro — Foto: Reprodução/TV Globo
A investigação da chantagem foi o que deu início à suspeita de
lavagem de dinheiro da Afipe. A rede de desvio de doações envolve imobiliárias, empresas de comunicação, postos de combustíveis
e até o vice-prefeito de Trindade Gleysson Cabriny de Almeida (PSDB), conforme denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
Em nota, a defesa do vice-prefeito disse que ele realizou negócios
com a associação, mas todos foram lícitos, declarados e registrados.
A nota informa ainda que Cabriny não foi alvo de busca e apreensão,
nem intimado para qualquer ato, mas está à disposição das autoridades.
A defesa do padre disse que todos os negócios da associação "são contabilizados e documentados". Robson sempre negou que tenha
desviado dinheiro de fiéis doados à Afipe. Ele afirma que criou essa
e outras entidades com nomes similares a partir de 2004, com o objetivo
de proporcionar auxílio na vivência da fé e propagar a devoção
ao Divino Pai Eterno.
O religioso era responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, um dos maiores do Brasil, mas se afastou das funções temporariamente para colaborar com o MP-GO.
Processo investiga negociações de fazendas, avião e até casa de praia vendida para a Afipe — Foto: Reprodução/Fantástico
Investigação de desvio de doações
Nas investigações, o MP-GO encontrou evidências de centenas
de compras e vendas de imóveis em nome da Afipe em que a
entidade parece ter sido prejudicada financeiramente.
Tais situações implicaram nos seguintes crimes investigados:
- Apropriação indébita
- Lavagem de dinheiro
- Falsificação de documentos
- Sonegação fiscal
- Associação criminosa
Também há nos relatos da investigação várias empresas cujos
sócios eram quase sempre os mesmos, quase sempre usando
o mesmo contador. As vendas dos imóveis e outras transações
Ao todo, os repasses para empresas de comunicação somam
R$ 456 milhões. Esses pagamentos também são investigados,
segundo os promotores, por não terem afinidade com o objetivo
final da Afipe, que é proporcionar auxílio na vivência da fé e
propagar a devoção ao Divino Pai Eterno.
Investigação suspeita que dinheiro que seria usado para a construção da nova Basílica de Trindade foi desviado — Foto: Reprodução/Fantástico
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