A visão míope de Bolsonaro Como nenhum outro chefe de Estado no mundo, o mandatário brasileiro torceu até o último momento pelo republicano Donald Trump e colocou em xeque a diplomacia do País. Haverá consequências Marcos Strecker
A esperada derrota de Donald Trump não é apenas um a sinalização para o mundo. É um duro recado para Jair Bolsonaro. O Brasil é um dos países que sofrerão o maior impacto com a nova política americana. O brasileiro alimentou o problema que agora pode engolfá-lo desde sua campanha eleitoral, quando enxergou no americano uma inspiração. Tentou legitimar sua gestão colando no fenômeno Trump. Copiou o americano de forma primária e enviesada, por estratégia eleitoral e ideológica, e contra os interesses do País. O embuste terá consequências duradouras. Bolsonaro criticou os organismos multilaterais como a Organização Mundial de Saúde e a Organização Mundial de Comércio, atacou a China, nosso maior parceiro comercial, e afastou-se dos líderes europeus. Até o slogan “menos Brasília, e mais Brasil” foi uma imitação do americano, com a óbvia incongruência de que o brasileiro fez toda a sua carreira defendendo os interesses corporativistas e os privilégios de servidores públicos, no sentido oposto ao que o republicano propunha em seu país. A defesa intransigente da “liberdade” trombeteada pelo brasileiro chega a ser risível, dado que defende torturadores e elogia a ditadura que até os militares desejam deixar para trás. Sua defesa armamentista num país com altos índices de violência, emulando a segunda emenda à Constituição dos EUA, além de deslocada, tem efeitos nocivos para a população. Como fez Trump, Bolsonaro ensaiou sair do Acordo de Paris. Mas sem a esperteza de Trump, que age assim para patrocinar a indústria petrolífera no seu país. Aqui, Bolsonaro incentiva grileiros e garimpeiros ilegais e desmonta na prática o arcabouço de proteção ambiental contra o próprio interesse do agronegócio, que é prejudicado nas exportações pela péssima fama que o Brasil adquiriu junto aos consumidores internacionais. Desde que o governo passou a acobertar os crimes contra o meio ambiente, jogou o Brasil na contramão do esforço global na área e afugentou os grandes investidores. O meio ambiente é justamente a área em que o Brasil será mais prejudicado com um governo democrata nos EUA.
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