Covid-19: Paraná quadruplica o número de casos em junho
Vinicius Cordeiro
Paraná é quem registra o maior crescimento da Covid-19 entre os Estados da região Sul.
Os casos de Covid-19 mais que quadruplicaram no Paraná entre os
dias 1 e 28 de junho, segundo os dados da Sesa (Secretaria de Estado da
Saúde). O Estado registrava 4.835 contaminados no início do mês e chegou
a 20.516 casos neste domingo (28).
O balanço do sábado (27) fixou o novo recorde de confirmações em um
dia: foram 1.135 diagnósticos positivos, número que superou os 1.097
casos confirmados na última quarta-feira (24). Para piorar: o Paraná não
registra menos que 600 casos diários nos últimos 11 dias.
Com esse crescimento exponencial, o Estado é quem registra o maior
aumento dos contaminados pelo coronavírus neste mês em toda a região
Sul, indicada como um dos novos epicentros da pandemia no país.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina não chegaram a triplicar o número
de infectados. Em junho, os gaúchos saltaram de 9.496 para 25.243 mil
contaminados enquanto os catarinenses passaram de 9.498 para 24.364
casos.
Ou seja, no início do mês, o Paraná tinha cerca da metade dos casos
de covid-19 e agora está quase igualando a quantidade de infectados dos
Estados vizinhos.
PARANÁ PREPARA REAÇÃO AO CRESCIMENTO DO CORONAVÍRUS
Pela primeira vez um integrante do alto escalação do governo do
Paraná fez um alerta sobre a covid-19. O chefe da Casa Civil e braço
direito do governador Ratinho Junior, Guto Silva, disse que a situação
será crítica nos próximos 15 dias e que a administração prepara novas
medidas restritivas contra a pandemia.
“Estamos fazendo todo o trabalho de ampliação do sistema de saúde,
testes etc, mas recebi novo alerta dos técnicos que as próximas semanas
serão duríssimas. Estamos avaliando medidas mais duras para os próximos
dias, mas será a consciência da população que garantirá sairmos desta
pandemia o mais rápido possível”, disse ele na sexta-feira (26).
O discurso se alinha com a toada do governo, que aposta na
conscientização da população mesmo que os números sigam apontando o
crescimento exponencial. O uso de máscara, higiene das mãos e proibição
de aglomerações são algumas das insistências do governo, mas que não
foram respeitadas em diversas situações neste mês.
Para completar, os dois decretos baixados pelo Governo do Paraná no último final de semana não surtiram nenhum efeito no aumento do índice de isolamento social. De acordo com a empresa InLoco,
que utiliza uma dados de geolocalização de uma base de 60 milhões de
dispositivos móveis, apenas 36% dos paranaenses conseguiram ficar em
casa, 1 ponto percentual a menos que a semana anterior.
SITUAÇÃO DA COVID-19 EM CURITIBA
Uma das grandes preocupações da covid-19 é Curitiba, que soma 140 mortes e 4.285 casos.
O número de infectados era de 1.129 no dia 1º de junho, ou seja, a
capital apresentou um crescimento menor, mas similar ao resto do Estado.
Uma reportagem da BBC Brasil apontou o avanço dramático da
doença desde a metade de maio e apontar que a taxa de ocupação das UTIs
chegou a 80%. Também nessa semana, um grupo de empresários protocolou,
no Ministério Público, um abaixo-assinado, com mais de 15 mil assinaturas, que pede o fechamento total em Curitiba.
Em reação, o prefeito Rafael Greca reapareceu em diversas mídias para
negar o colapso e descartar o lockdown. Assim como o governo estadual,
ele apela à consciência das pessoas. Até agora, a aposta segue sem
sucesso.
Apenas na última sexta-feira (26), 46 estabelecimentos foram
interditados na cidade por descumprir as normas municipais, entre elas a
aglomeração de pessoas. Além disso, tanto a prefeitura quanto o governo
estadual não resolveram um dos principais problemas da pandemia da
covid-19: as aglomerações nos ônibus.
O transporte coletivo é visto como um prato cheio para o vírus e,
diariamente, os passageiros se amontoam nos terminais e lotam os
veículos. Um dos motivos identificados pela Secretária Municipal de
Saúde é que o comércio.
“Embora a gente tenha orientado abrir das 10h às 16h, o comerciante
faz o funcionário chegar no horário mais cedo. Então não teve o objetivo
que a gente pretendia. Precisamos da colaboração dos comerciantes, das
pessoas, de atender as orientações desse decreto”, disse a secretária
Márcia Huçulak.
Para evitar o alto fluxo, as empresas do transporte público lançaram a campanha
“não seja Jaguara”. Entretanto, a ideia foi por água abaixo: foi
acusada de ser agressiva e fez com que a Setransp (Sindicato das
Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana) retirasse os
materiais de circulação. Ou seja, o tempo vai passando e a pandemia
segue sem solução.
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