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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A FONTE DA INFORMAÇÃO SITE PORTAL G1.COM :

Por Sílvio Túlio e Gabriel Garcia, G1 GO e TV Anhanguera

O hacker Welton Ferreira Nunes Júnior, uma das cinco pessoas
 condenadas pela Justiça por extorquir dinheiro do padre Robson de Oliveira, disse em depoimento à Justiça que e-mails e imagens usados na chantagem foram criados de "dentro da delegacia", quando estava preso.
 Ele contou ainda que o delegado Kleyton Manoel Dias, responsável pela investigação do caso, consentiu o procedimento e, após a montagem do material, cobrou dele R$ 165 mil.
À TV Anhanguera, o delegado disse que não ia comentar o assunto.
 A Polícia Civil informou que a Corregedoria apura o caso. Já a defesa 
do padre Robson afirmou que o fato "somente reafirma que todo 
o conteúdo das mensagens mencionadas é falso" (leia na íntegra o posicionamento ao final do texto).
O processo de extorsão ao padre originou a Operação Vendilhões
deflagrada pelo MP para apurar desvios de doações feitas por fiéis
 à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), responsável pelo
 Santuário Basílica de Trindade, cidade na Região Metropolitana de Goiânia. Fundador e presidente da entidade, padre Robson se afastou das funções temporariamente. Ele nega qualquer irregularidade.
O depoimento de Welton consta no processo de extorsão. 
Nele, o hacker conta que foi contratado
 e receberia R$ 1,5 milhão para "pegar informações do padre"
 por uma suspeita de que ele tinha um
 caso amoroso. No entanto, ele optou por chantagear o próprio 
religioso, pedindo um valor maior -
 R$ 2 milhões - para não divulgar as supostas provas contra ele. 
Padre Robson reassume reitoria do Santuário Basílica de Trindade pelos próximos quatro anos em Goiás — Foto: Afipe/Divulgação

No processo, consta que Welton também teria um caso amoroso 
com o padre Robson. O hacker, apontado como o mentor da extorsão,
 disse que em todo momento conversou com o religioso por um aplicativo
 de mensagens.
Welton afirma que somente após a prisão é que começou produzir o 
material contra o padre e criar o e-mail que foi enviado com ele. Tudo isso, segundo ele, na delegacia e com a permissão do delegado.
"Eu fiquei uma semana lá na Deic [Delegacia

Estadual de Investigações Criminais] criando

isso aí (...). Fiquei uma semana dentro

da sala do delegado fazendo isso aí",

disse Welton no depoimento.
Uma dessas criações é um e-mail enviado ao padre em 
24 de março de 2017. Usando a alcunha "Detetive Miami" 
- também criada na delegacia, segundo ele - o hacker escreve 
que está com "cópia de todos os seus emails" e "dois anos de
 conversa no WhatsApp".
No texto, ele cita ainda um suposto "caso" do religioso com uma mulher e cobra R$ 2 milhões
 para não divulgar o material. 

No tempo em que ficou detido, ele disse que ficou preso "na sala 
do delegado", que dormia e tomava banho lá. Welton afirmou ainda que,
 quando terminou de criar o material, o delegado e alguns agentes
 começaram a cobrar dinheiro dele e até a agredi-lo. Ele diz que pagou,
 mas que o dinheiro era próprio e não da extorsão ao padre.

"Quando nós terminamos, aí o delegado falou 'eu quero dinheiro, 
eu quero dinheiro', e batia em mim (...). O dinheiro ficou com eles, né.
 Em torno de R$ 165 mil", disse.
Entenda o caso
No dia 21 de agosto, o MP deflagrou a Operação Vendilhões, 
que apura desvios de verba e lavagem de dinheiro na Afipe
A ação apura o uso de dinheiro da Afipe - em sua grande maioria
 doada por fiéis - na compra de fazendas, casas de praia e outros 
imóveis de luxo. O MP afirma que eram usados "laranjas" e empresas de fachada para a prática dos crimes
Um processo de extorsão sofrido pelo padre Robson originou 
a ação do MP. A Justiça afirma que um hacker extorquiu o pároco
 tinha um romance com ele e ameaçava expor casos
A investigação aponta que a Afipe movimentou cerca de R$ 2 bilhões 
na última década. Ao menos R$ 120 milhões teriam sido desviados
Fundador e presidente da Afipe, padre Robson se afastou do cargo
 por conta da operação. Ele era o responsável por gerir um orçamento
 de R$ 20 milhões mensais
Nota da Polícia Civil:
Em relação ao questionamento formulado, a Polícia Civil de Goiás
 informa que a atual gestão instaurou procedimento na Corregedoria da instituição para apurar eventual transgressão disciplinar de policiais civis.
 O procedimento é sigiloso enquanto estiver em andamento, razão pela 
qual não serão prestadas maiores informações.

Nota da SSP
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás informa que a
responsabilidade da apuração dos fatos é da Corregedoria da Polícia Civil. Cabendo à instituição se posicionar a respeito do caso, 
conforme permissão legal.

Nota do padre Robson:

Isto somente reafirma que todo o conteúdo das mensagens
 mencionadas é falso. Os responsáveis já foram condenados 
pelo Judiciário com severas penas. Este processo, no qual o
 padre Robson figura como vítima destes criminosos, está sob sigilo, 
conforme decisão do Tribunal de Justiça de Goiás.

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